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"A Fauna Inexplorada": A poesia como resistência e esperança em meio ao caos ambiental

Publicada em 21/05/25 às 11:37h - 27 visualizações

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 (Foto: Feverish Magazine)

Com 15 anos de idade, Antônio Henrique Peixoto de Almeida iniciou uma trajetória literária marcada pela sensibilidade poética e o profundo engajamento ambiental. Suas obras “A Natureza Faz a Poesia” e “A Fauna Inexplorada” são testemunhos de uma vida dedicada à denúncia da destruição da natureza e à tentativa de resgatar valores como o amor, a simplicidade e a conexão com o meio ambiente – tudo isso por meio de uma escrita que mistura lirismo, musicalidade e crítica social.

Um poeta desde a infância

Antônio relembra que ainda criança, em 1993, já se aventurava nos versos. “Subia as escadas da casa do meu avô Délio e escrevia poesias num pedaço de papel, descrevendo o pôr do sol”, conta. Aos nove anos,   quando era aluno do Instituto Educacional da Juventude (atualmente Miró) após atividade proposta pela professora em sala de aula, redigiu a poesia intitulada “O Mundo de Deus”, que foi exposta no mural da escola.

Entre 1999 e 2001, nascem os embriões de seus dois principais livros: “A Natureza Faz a Poesia” e “A Fauna Inexplorada”. O propósito sempre foi claro: “mostrar quantos prejuízos ocorrem ao propagarem a evolução da indústria e a destruição da natureza”.

Borimar e Saray: os pilares da narrativa

Os protagonistas das obras são Borimar, um menino que realiza o sonho de conhecer a Floresta Amazônica, e sua filha Saray. Enquanto “A Natureza Faz a Poesia” mostra Borimar em sua juventude, a continuação – “A Fauna Inexplorada” – avança quarenta anos no tempo e retrata o mesmo personagem já adulto, transmitindo suas vivências à filha.

Para Antônio, os dois personagens simbolizam laços em extinção no mundo atual: “Representam o amor de um pai por uma filha e o amor de uma filha pelo pai. O respeito, a simplicidade, o companheirismo, a humildade e o fortalecimento da família”.

Um dos momentos mais marcantes da obra é quando Borimar tenta impedir a construção de uma fábrica de cosméticos no coração da floresta, apenas com poesia e papel. “Aquela cena é simbólica. Borimar e Saray enfrentam um cenário caótico, com queimadas, escassez de recursos e o rompimento da comunicação entre pai e filha. A poesia é a última arma contra a destruição.”

Para descrever a natureza com mais precisão e autenticidade, Antônio incorporou a língua tupi-guarani à narrativa. A inspiração surgiu em 2001, quando adquiriu o dicionário “Vocabulário Tupi-Guarani Português”, de Silveira Bueno. “Sem inserir o tupi, seria muito superficial. Muitas palavras do nosso vocabulário são de origem indígena: jacarandá, maribondo, tucano.”

Entre o lirismo e o ativismo

A linguagem poética não é um recurso estético aleatório, mas uma escolha estratégica. “Muitas pessoas perderam o hábito da leitura. É preciso mudar e inovar”, justifica o autor. Em “A Fauna Inexplorada”, ele recorre a estruturas antigas, como cânticos, cordéis e duelos de rimas – elementos que tornam a leitura leve e envolvente, mesmo quando o conteúdo é denso.

Em 2001, Antônio criou o estilo literário “Poetismo”, com a proposta de desconstrução poética e acessibilidade textual. “As palavras tomam formas livres, como quadros de pintura. Elas não precisam seguir tantas regras. O objetivo é atrair quem perdeu o hábito de ler.” Tanto “A Natureza Faz a Poesia” quanto “A Fauna Inexplorada” seguem esse estilo, em que as poesias integram a narrativa e tornam a leitura mais leve.

Da poesia à sustentabilidade

O projeto literário cresceu para além das páginas. Antônio criou uma experiência sustentável: cada exemplar do livro vem em uma caixa com marca-texto e o leitor pode escolher um copo biodegradável ou itens feitos com material reciclado ou elementos da natureza como feijão e sementes – “Há formiga, joaninha, tucano, tartaruga, dentre outros, esses são alguns dos itens que compõem o acervo, todos feitos a mão por artesãos que abraçaram o projeto”, conta ele. “Nenhum desses itens foi comprado em sites da internet”, complementa. “Mostramos, através dos marca-textos, os impactos causados por objetos descartados indevidamente. A partir daí, ‘A Fauna Inexplorada’ se torna um projeto de sustentabilidade e deixa de ser apenas um livro físico”, explica.

A proposta é reforçada por uma reportagem escrita por ele em 2006, quando era estudante de jornalismo. Intitulada “Tesouros que brotam do lixo”, a matéria sobre um catador de recicláveis inspirou a ideia de transformar resíduos em arte.

Acessibilidade e inclusão

Desde 2011, Antônio se envolveu com o Grupo de Amigos, Pessoas com Deficiência, Crianças e Adolescentes (GAPDICA), onde atuou ao lado do líder comunitário Reinaldo Moura. Dessa experiência nasceu o desejo de tornar suas obras acessíveis para deficientes visuais. “Estou desenvolvendo um projeto com inteligência artificial para transcrever o livro em áudio. Algumas poesias já estão narradas por pessoas reais no meu site.”

Influências reais

A trajetória de Borimar também foi inspirada em figuras reais. Antônio cita o indígena Galdino de Jesus Santos, queimado por jovens em Brasília em 2001, e a missionária Dorothy Stang, assassinada em 2005. “Eles morreram defendendo a floresta. Era preciso criar um personagem que mostrasse ao mundo que o sangue deles não foi derramado em vão.”

A mídia e o papel da literatura

Como jornalista e escritor, ele enxerga nas redes sociais um novo protagonismo para os povos indígenas e quilombolas. “Antes, eles não tinham voz. Hoje, plataformas como Facebook, Instagram e X (ex-Twitter) assumem um papel mais relevante do que a televisão tradicional.”

Perseverança e chamado espiritual

Manter o projeto vivo ao longo de mais de duas décadas exigiu fé e paciência. “Esperei cerca de 25 anos até receber o chamado de Deus para publicar o livro. No dia 11 novembro de 2024, acordei de madrugada com essa missão. A parte final do livro só veio em abril de 2025, em mais uma revelação, enquanto estava na rua.”.

Participação em antologia literária

Entre seus trabalhos mais recentes está a poesia “A Vida”, publicada na antologia da Editora Litteris. Ela integra o livro “Quem Disse que Sentimentos São Abstratos?”, ainda em produção. “É uma crítica à forma como estamos nos tornando cada vez mais materialistas, abandonando a espiritualidade e os sentimentos simples.”




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